sábado, 28 de fevereiro de 2009

tic-tac

Deixa você passar dos trinta, trinta e cinco, ir chegando nos quarenta e não casar e nem ter esses monstros que eles chamam de filhos, casa própria nem porra nenhuma. Acordar no meio da tarde, de ressaca, olhar sua cara arrebentada no espelho. Sozinho em casa, sozinho na cidade, sozinho no mundo. Vai doer tanto, menino. Ai como eu queria tanto agora ter uma alma portuguesa para te aconchegar ao meu seio e te poupar essas futuras dores dilaceradas. Como queria tanto saber poder te avisar: vai pelo caminho da esquerda, boy, que pelo da direita tem lobo mau e solidão medonha.
(Caio Fernando Abreu)

e nessas horas a vida parece um grande relógio em contagem regressiva. e ela é, afinal.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Now I’m quietly waiting for the catastrophe of my personality to seem beautiful again


Now I'm quietly waiting for
the catastrophe of my personality 
to seem beautiful again,
and interesting, and modern.

The country is gray and 
brown and white in trees,
snows and skies of laughter
always diminishing, less funny
not just darker, not just gray.

It may be the coldest day of
the year, what does he think of 
that? I mean, what do I? And if I do,
perhaps I am myself again.
- Trecho do poema Mayakovsky de Frank O'Hara (In: Meditations in an Emergency)

don draper salvando meus dias. thanks, mad men.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

dando a cara à tapa (ou: notas de dias de tédio)


1. de tempos em tempos, eu tenho dessas crises de blog, vontade de apagar tudo, acho tudo ridículo, etc etc. daí passa mais um tempo e eu quero voltar a escrever e faço um postzinho metalinguístico pra justificar a minha volta. et voilà, aqui estou. 

2. ando achando tudo pequeno ultimamente. minhas intenções se apequenaram todas, a gente pode não mudar, mas com certeza se adapta. se é pequeno o que nos oferecem, vamos pegar as migalhas e fazer um banquete. essa coisa de querer ser the greatest não dá em nada mesmo. afinal, o que há tanto por aí pra se querer? juro que não sei mais. só sei desse motorzinho interno que impulsiona a gente pra frente pra frente pra frente - o que não implica em evolução, vou em frente nem que seja pra andar em círculos. o perigo é ficar parada.

3. assistir muito house e mad men em tempos já não tão felizes (adoro eufemismo) pode não ser muito recomendado, mas me traz um pé no chão necessário. é igual ouvir radiohead: preciso de um humor específico pra coisa fazer efeito de verdade. não posso estar deprimida, porque aí vou mesmo querer cortar os pulsos, mas também não combina com muita alegria. parece que é nesses momentos que eu consigo entender de verdade o que eles propõem e que eles me entendem de volta. 

4. tô enjoada do jeito que eu escrevo, tô tentando me abrir mais de verdade por aqui. adoro minhas metaforazinhas, tem muito mais dito sobre mim no que eu não digo, mas não me serve pra agora. preciso ser explícita (ou quase), preciso ser direta (ou quase). meu objetivo é a praticidade que eu nunca tive. então que comece aqui, no símbolo maior das minhas abstrações. porque eu bem cansei de tudo isso. 

é.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

pour que l'amour me quitte

cliquem pra aumentar. essa gente que é quase sempre ácida quando resolve ser sensível é de arrasar. grande andré dahmer. 

(o título é de uma música da camille. um dia eu tento explicar a ligação de uma coisa com outra, mas juro que pra mim faz sentido).